sexta-feira, maio 01, 2009

Jesus, Consumidores e Consumidos



A cada dia vemos surgirem novas marcas de roupas, carros , shampoos, refrigerantes e vários outros artigos estourando como pipoca no mercado , uns dizem que é a globalização,outros reclamam da baixa qualidade de alguns produtos, uns mais industrializados outros mas artesanais . . . o fato é que tem produto novo para todo tipo de gente . Você mal acaba de sair da loja com um celular que envia foto, e já inventam outro que se pode ver tv nele , marcas de roupas que lucram apenas costurando uma etiqueta em uma camisa normal e cobrando o preço que querem , carros super novos despertando os sonhos das pessoas em frente a vitrine.
Se somos consumidores de qualquer artigo que seja, estamos expostos a essa enxurrada de propagandas , de um simples chiclete até um apartamento todas as investidas do marketing tentam me enfiar por garganta abaixo uma só coisa, “ me compre! me tenha ! “ . Fico pensando em como o marketing me vê enquanto consumidor, será que sou só um número , um telefone em um cadastro, um gráfico na parede, uma meta a ser alcançada? Provavelmente sim, e isso muito me incomoda, eu sou de carne, e você também é.
Esse mercado exagerado causa o consumismo excessivo, até o meio evangélico nos mostra hoje a sua cara capitalista, algumas igrejas chegam ao cúmulo de anunciar Deus associando a imagem de carros e casas, como se a felicidade prometida pelo Senhor se pudesse tocar. Tal fato é visto por muitos como um absurdo e uma falta de conhecimento da Palavra, por outros tantos é aceita como a teologia da prosperidade. São inúmeras possibilidades de pregações de conferências e congressos chegando em DVD s , presentes com temas evangélicos de todos os preços, CDs , livros nas prateleiras, cada um com uma capa mais chamativa do que a outra ensinando a seguir Jesus , tudo divido em seis vezes no cartão, quase convencendo que é possível comprar a espiritualidade junto com eles.
Max Lucado uma vez escreveu sobre “ a prisão do querer “, miramos nossa felicidade no que não temos mas desejamos , e se não conseguimos ficamos frustrados, estamos nos esquecendo do trivial, de buscar felicidade nas coisas simples da vida que já temos alcançado.
Não vou aqui descartar a importância da casa própria ou de um carro novo, mas penso que Deus é tão infinitamente superior a isso tudo que deveríamos mesmo por em pratica o
“ buscai primeiro o reino dos céus. . .” ( Mt . 6 : 33 ) não pelo conforto dos bens materiais, isso é conseqüência, mas pelo conforto da alma que não se acha nas lojas para vender.
Popstar gospel lotam shows de grandes produções enquanto pessoas morrem em hospitais sem nunca terem ouvido a Palavra de Deus, é o mercado evangélico se estabelecendo como algo lucrativo e rentável, nada contra desde que não se perca de vista o motivo principal, Jesus, ou que o capitalismo não tente substituir pelo seu deus, o dinheiro.
Não sei até aonde isso tudo é válido, só sei que o adjetivo de “protestante” não é toa, mas o que andamos protestando hoje em dia? será a liberdade de dizer que Jesus voltara para o rico ou para o pobre, ou protestamos o direito de copiar alguns costumes do mundo, consumir cada dia mais e esquecer da caridade mas sem ser incomodado por isso como é no meio secular? Assim passaremos de consumidores a consumidos.
Não precisamos de tudo que queremos, em Deus temos tudo o que precisamos, se invertemos as coisas e não nos libertarmos da “prisão do querer”, nas palavras do profeta erramos o alvo, na linguagem antiga nos tornamos mundanos .


Rafael Letra