sábado, março 14, 2009

Casar sem pressa

“Casamento é como submarino, foi feito para afundar”, vi essa frase em um livro de piadas e, sinceramente, não acho que tenha tanta graça ou acredite nessa afirmação, além de me parecer um pensamento um tanto pessimista acerca de um caminho natural da vida de alguns.
Mas ao contrário do que possa pensar, não sou casado, e quando a idéia de estar sozinho vem me rodear a cabeça, lembro de todos os meus amigos que se casaram cedo, alguns por pressa, outros pelo fato de uma gravidez inesperada, alguns pelo medo de ficarem sós, alguns por interesse e poucos (uns dois ou três no máximo eu diria) por amor, ou pelo menos o que eles pensavam que era amor.
Esses mesmos amigos casados, em festas e reuniões, onde confidencias íntimas de homens e mulheres rolam soltas, depois de algumas cervejas, deixam sempre escaparem seus sentimentos de arrependimento por estarem casados, seja o arrependimento específico de estarem com as suas cônjuges ou com o matrimônio em si. O fato é que todo casado só chega perto de mim para reclamar da vida a dois, seja falta de dinheiro, falta de liberdade, a esposa que é chata, a sogra que não vale nada... Ou qualquer coisa que aponte para um laço matrimonial.
Uma vez um desses amigos frustrado me disse: “Feliz é você que é solteiro e não precisa aturar uma esposa...” O quê? Aturar uma esposa? Feliz por que eu sou solteiro? Como se ser solteiro ou casado determinasse essa condição tão pessoal quanto ser feliz. Pensei em uma resposta para ele “Olha amigo, acho que você não esta sabendo aproveitar seu casamento. Quando eu sair daqui e chegar sozinho em casa e, simplesmente, só ter meu cachorro para contar sobre as coisas que preencheram meu dia, você não saberá se sou feliz ou não. Então, não espere que o casamento te traga felicidade, leve você felicidade a ele”. Mas preferi ficar quieto e dar um falso sorriso sem vontade.
Às vezes tenho inveja dos casados, às vezes dou graças por estar solteiro, e nem ligo quando dizem que estou ficando velho (velho? Só tenho 29!). Como se houvesse estágios de passagens na vida: nascer, crescer, casar, ter filhos, envelhecer, ter netos... Minha mãe se indigna quando digo brincando que vou morrer sem casar, “Que isso menino! Tão novo (mas não estava ficando velho?) cheio de saúde, bonito, falando essas coisas... “Ah! Então se eu tivesse uma doença e fosse horroroso minha opinião valeria?” E não me casar não significa que vou morrer sozinho, só não quero chorar meu arrependimento de estar casado depois de algumas cervejas em festa ou reuniões.
Talvez eu case amanhã, ano que vem, daqui a dez anos, talvez nunca, não quero ver isso como uma obrigação, mas hoje, por enquanto, ao chegar em casa só vou contar como foi meu dia para o meu cachorro.

(Rafa Letra)

segunda-feira, março 09, 2009

domingo, março 08, 2009

Antigo não, atrasado sim


No mundo de blogs, revistas eletrônicas, e notícias on line, percebo que estamos deixando de lado alguns hábitos comuns no passado, como a simples ação de mandar uma carta pelo correio, hoje se manda emails, scraps, torpedos, mensagens de voz, mensagens off line. . . carta ficou fora de moda, ate meio piegas. Mas isso tudo é normal e aceitável, “a humanidade caminha para frente” como já disseram.
Tenho alguma resistência em deixar esses alguns velhos hábitos, como o simples fato de comprar o jornal na banca, sei que tudo que compro ali posso achar facilmente no meu amigo Google. São inúmeros “folhetins virtuais” diários de notícias grátis, mas me pergunto: onde está o romantismo? Quando se compra um jornal não se está comprando apenas um folhetim de notícias, se compra também o prazer de se folhear seus cadernos pela manhã, se compra o café e a madrugada do colunista que escreveu matéria em cima da hora, o cheiro de tinta sobre o papel impresso que suja as mãos, o flagrante do fotógrafo que ilustra a manchete, se compra a forma mais antiga de comunicação do ser humano que se tem conhecimento, a escrita impressa .
Reflito se estamos dando o valor devido as palavras impressas, facilmente posso baixar vários livros em minutos na internet, e chego a conclusão de que isso é só o começo.
Cadê a sedução a o olhar uma capa, ou o prazer de virar uma página ? Se quiser posso imprimir, eu sei, mas isso me soa tão artificial, mecânico, tão enlatado,vejo que essa invasão tecnológica me traz a praticidade no dia a dia, mas não está relacionada a garantia de prazer. O que me faz crer que esses velhos hábitos nunca perderão seu charme, seu prazer e seus valores por serem antigos , e que, talvez, as vezes seja bom ser um pouco atrasado. Talvez por isso hoje em homenagem a esse sentimento com uma pitada saudosista, eu tenha escrito esse texto a caneta imprimindo palavras no velho caderno de redação.


(Rafa Letra )